quarta-feira, 19 de agosto de 2009

América



“Encontramos estes reinos em tal boa ordem, e diziam que os incas os governavam em tal sabedoria que entre eles não tinha um ladrão, nem um viciado, nem um adúltero, e também que não se admitia entre eles a uma mulher má, nem existiam pessoas imorais. Os homens têm ocupações úteis e honestas. As terras, bosques, minas, pastos, casas e todas as classes de produtos eram regularizadas e distribuídas de tal maneira que cada um conhecia sua propriedade sem que outra pessoa a tomasse ou a ocupasse, nem tinha demandas com respeito a isso... o motivo que me obriga a fazer estas declarações é a libertação de minha consciência. Por que destruímos com nosso malvado exemplo as pessoas que tinham tal governo que era desfrutado por seus nativos? Eram tão livres do encarceramento ou dos crimes ou os excessos, homens e mulheres por igual, que o índio que tinha 100.000 pesos de valor em ouro e prata em sua casa, a deixava aberta meramente deixando um pequeno pau contra a porta, como sinal de que seu amo estava fora. Com isso, de acordo com seus costumes, ninguém podia entrar ou levar algo que estivesse ali. Quando viram que pusemos fechaduras e chaves em nossas portas, supuseram que era com medo deles. Assim, quando descobriram que tínhamos ladrões entre nós e homens que procuravam fazer com que suas filhas cometessem pecados, nos desprezaram."


Mancio Serra de Leguisamo, Cuzco 1589.

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